Pois é...
Até por sermos um coletivo horizontal, composto de individualidades independentes, evitamos ao máximo externar posicionamentos fechados do GRUPO, mas, vez ou outra, surge alguma campanha ligada ao ser humano, como um todo, sem cor e sabor que o diferencie deste ou daquele outro e, nestes casos, entendemos que a omissão/silêncio acaba nos tornando parte do problema...
Por estas e outras, vimos por bem, aceitar o honroso convite de subscrever o texto abaixo que trazemos em sua integralidade, para conhecimentos de vocês que nos acompanham:
EXMO.
SR. MINISTRO DA JUSTIÇA, DR. JOSÉ EDUARDO CARDOSO.
ILMO
SR. PRESIDENTE DO CNPCP – CONSELHO NACIONAL DE POLITICA CRIMINAL E
PENITENCIÁRIA, DR.LUIZ
ANTÔNIO SILVA BRESSANE
INDULTO
2015 - MULHERES ENCARCERADAS
O
Grupo de Estudos e Trabalho “Mulheres Encarceradas” e as
entidades que esta subscrevem, tendo em vista que neste período
dá-se início aos estudos e análises para a preparação do decreto
natalino de 2015, para concessão de indulto e comutação de penas,
vem pleitear que a concessão
de indulto e de comutação tenha como parâmetro as especificidades
da mulher.
O GET “Mulheres Encarceradas”, que
atua desde 2001, é uma rede que tem como objetivo primordial
discutir a realidade da mulher presa, suas condições de
encarceramento, seu acentuado perfil de exclusão social, a
emergência de atendimento a seus direitos, a violência de gênero
sofrida e apresentar propostas para que esta situação seja
alterada.
A exclusão e discriminação das
mulheres encarceradas, iniciadas no seio da sociedade, nos dá a
certeza que há um longo caminho a trilhar e, neste propósito,
indicamos a urgência para que o indulto, instrumento histórico de
política criminal, de previsão constitucional e ordinária, seja
aplicado de modo eficaz, para que de fato atinja as mulheres
encarceradas.
Diversos documentos internacionais e
regionais recomendam que se preste maior atenção às questões das
mulheres que se encontram na prisão, inclusive no tocante aos seus
filhos.
Documentos nacionais indicam a
necessidade que se estabeleça políticas públicas diferenciadas
para as mulheres encarceradas, que constituem um percentual pequeno
da população carcerária ( cerca de 8%); com alta porcentagem de
mães presas ( cerca de 80%); que se encarregam de cuidar dos filhos.
Há
um déficit de políticas públicas adequadas ao tratamento das
presas, em todas as matizes.
Os
dados disponíveis indicam um aumento do aprisionamento feminino, que
não se circunscreve a delitos violentos. O aumento da taxa de
encarceramento de mulheres presas se dá em razão de entorpecentes,
sendo que a maioria por delito que envolve pouca quantidade de droga.
O último relatório do Infopen, publicado pelo Ministério da
Justiça, estima que 63% das mulheres encarceradas estão presas por
delitos relativos às drogas, o que representa, proporcionalmente, um
número três vezes maior que o de homens detidos pelo mesmo delito.
Ainda,
importante registrar que o número de mulheres negras que estão
presas é proporcionalmente maior do que a população de mulheres
negras.
O aumento do encarceramento das
mulheres produz consequências de diversas ordens, mas necessário
destacar a perda ou fragilização das relações familiares, pois
grande parte das mulheres são simplesmente abandonadas; facilmente
constatável o esgarçamento no universo filhos e mãe presas, em
que pese um expressivo percentual de filhos de presas estar sob a
tutela de seus familiares.
É indispensável que o Estado
Brasileiro passe a realizar
efetivas ações de inclusão da mulher presa,
com ações afirmativas que busquem o equilíbrio, sanando a
desigualdade histórica, observada as especificidades do gênero, e
levando em conta que, de regra, os filhos estão sob os cuidados da
mãe, ainda que presa, e não com o pai, fato a ser utilizado como
critério para também garantir os interesses das crianças e
adolescentes.
Note-se que os dados disponibilizados
pelo INFOPEN provam que a política criminal referente ao indulto,
estabelecida até hoje, não contempla as mulheres presas. Em 2008
foram apenas 58 mulheres atendidas por indulto, em todo o Brasil; em
2009 foram 64 e em 2010 foram 109 .
A Secretaria de Administração
Penitenciária do Estado de São Paulo informou
os seguintes números de indultos concedidos:
São números pífios e, mesmo que se
considere incompletos, retratam a ineficácia do indulto, já que os
três estados da federação que prestaram a informação diretamente
à Associação Juízes para a Democracia, são os que concentram
significativamente a população encarcerada do Brasil, razão pela
qual, formulamos dois pontos essenciais a serem considerados na
elaboração do decreto para a extensão do benefício às mulheres
encarceradas:
- que se contemple, dentre as hipóteses previstas para a concessão do indulto/comutação, as mulheres condenadas por tráfico de entorpecentes, que tenham pena, ao menos, de até cinco anos .
- que se contemple, dentre as hipóteses previstas para a concessão do indulto/comutação, as mulheres com filhos menores de dezoito anos e que, nestas situações, leve-se em conta um menor período de pena cumprida para sua concessão, priorizando-se assim a relação dos filhos com as mães, poupando-se as crianças e adolescentes o máximo possível das consequências da prisionalização da mãe, notadamente os danos emocionais decorrentes do afastamento.
Colocamo-nos à disposição de Vossa
Excelência na esperança que o ano de 2015 seja um marco efetivo de
politica criminal que atenda as especificidades da mulher presa.
Atenciosamente,
São Paulo, 21 de setembro de 2015.
1.
Grupo de Estudos e Trabalho "Mulheres Encarceradas"
2.
AJD - Associação Juízes para a Democracia
3.
ASBRAD – Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância
e da Juventude
4.
Conectas Direitos Humanos
5.
Conselho Regional de Psicologia SP
6.
IBCCRIM Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais
7.
IDDD – Instituto de Defesa do Direito de Defesa
8.
ITTC – Instituto Terra Trabalho e Cidadania
9.
Pastoral Carcerária Nacional – CNBB
10.
Serviço Franciscano de Solidariedade - SEFRAS
11.
Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo
12.
Pastoral da Criança da Arquidiocese de São Paulo
13.
Instituto Patrícia Galvão -
Mídia E Direitos
14.
FASE- Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
15.
CLADEM - Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos
Direitos da Mulher
16.
MMM - Marcha Mundial das Mulheres
17.
SOF – Sempreviva Organização Feminista
18.
União de Mulheres de São Paulo
19.
Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero
20.
IDDH - Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos
21.
APROPUC-SP- Associação dos Professores da PUCSP -
22.
ARP - Associação pela Reforma Prisional – RJ
23.
Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, Universidade Candido
Mendes
24.
Tecle Mulher – Assessoria e Pesquisa no Âmbito dos Direitos da
Mulher
25.
Conselho Regional de Serviço Social – CRESS 9ª Região/SP
26.
FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas
27.
Comissão de Assuntos Penitenciários da OAB/MG
28.
Coletivo Peso-Periferia Soberana/MG
29.
Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo
30. Uneafro Brasil - União de Núcleos
de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora
31.
NECA - Associação de Pesquisadores e Núcleos de Pesquisa Sobre a
Criança e o Adolescente
32.
Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher
da Defensoria Pública do Estado de São Paulo
33.
Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública
do Estado de São Paulo
34.
Associação dos Criminalistas do Estado do Rio Grande do Sul
(ACRIERGS)
35.
Ação Educativa
36.
Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF
37.
CEDCARJ – Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente
38.
Coletivo Advogados Ativistas
39.
Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional –
Programa Regional Bahia
40.
Movimento Nacional de Direitos Humanos - Regional SP
41.
Centro Dandara de Promotoras Legais Populares
42.
SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia - Recife/PE
43.
Fórum de Mulheres do Mercosul/ Brasil
44.
Blogueiras Negras
45.
Fórum Cearense de Mulheres
46.
Pastoral da Mulher Marginalizada
47.
Conselho Regional de Psicologia da 4ª Região – Minas Gerais/BH
48.
Articulação Caminhada de Terreiro de Pernambuco
49.
Fórum de Juventude Negra - PE
50.
Central de Movimento Popular - PE
51.
Sociedade das Jovens Negras Feministas - PE
52.
NUDIVERSIS - Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e Direitos
Homoafetivos - Rio de Janeiro
53.
NUCORA - Núcleo Contra a Desigualdade Racial - da Defensoria Pública
do Estado do Rio de Janeiro
54.
MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos - SC
55.
Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo
56.
Fórum Sergipano das Religiões de Matriz Africana
57.
Instituto EcoVida
58.
Comissão de Mulheres de Familiares de Mortos e Desaparecidos
Politicos,
59.
Observatório da Mulher
60.
Centro de Direitos Humanos de Sapopemba (CDHS)
61.
CEDECA Sapopemba
62.
Coletivo de Mídia Livre: Mídia Legal Independente
63.
Associação Palotina
64.
Centro de Acolhida para Mulheres Estrangeiras
65.
Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo
66.
Instituto Socialismo e Democracia -Zequinha Barreto
67.
CEDHRO - Centro de Defesa dos Direito Humanos da Região Oeste
68.
ADDHC - Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania -
JF-MG-Brasil
69.
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
70.
Rede Jornalistas Livres
71.
Associação dos Defensores Públicos do Estado do Maranhão (ADPEMA)
72.
CDDH - Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas - SP
73.
Centro de Defesa dos Direitos Humanos Margarida Alves
74.
Núcleo Especializado Da Infância e Juventude da Defensoria Pública
de SP
75.
DDH - Instituto de Defensores de Direitos Humanos
76.
Centro Acadêmico XI de Agosto - Faculdade de Direito da USP
77.
EGIDE - Estudos de Gênero, Igualdade e Desenvolvimento
78.
ADUSP - Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo
79.
Movimento de Luta por Moradia TERRA LIVRE - CAMPO E CIDADE
80.
Sociedade dos Direitos Sexuais na Amazônia
81.
Fórum Social de Manguinhos
82.
Intersindical Central da Classe Trabalhadora
83.
Associação de amigos e familiares de presos - Amparar
84.
Coletivo de Feministas Lésbicas - CFL
85.
Associação dos Servidores e das Servidoras da Defensoria Pública
do Estado de São Paulo
86.
Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz – Joinville-SC
87.
Centro de Estudios en Seguridad Ciudadana, do Instituto de Asuntos
Públicos, da Universidad de Chile
88.
Pastoral da Moradia da Arquidiocese SP
89.
Associação Fala Mulher
90.
Instituto Aliança - Salvador/BA
91.
Projeto de Pesquisa e Extensão "Do Cárcere à Universidade"
da Faculdade de Educação da UERJ
92.
Contee – Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Estabelecimentos de Ensino
93.
Casa de Isabel - Centro de apoio à mulher, a criança e o
adolescente vítimas de violência e situação de risco.
94.
Comitê Pró-Haiti
95.
Tribunal Popular
96. Centro de Defesa e Convivência da
Mulher Cidinha Kopcak
97.
CULTHIS - Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Encarceramento e
Direitos Humanos
98.
Instituto DH: promoção, pesquisa e intervenção em direitos
humanos e cidadania
99. Coletivo BIL -Coletivo
de Mulheres Bissexuais e Lésbicas do Vale do Aço/MG.
100.
Associação Missionários Leigos de Maryknoll
101.
Coletiva Estamira de Mulheres Psicólogas
102.
Intersindical - Central da Classe Trabalhadora
103.
Associação Comunitária da Mulher do Movimento Sem Terra - Ermelino
Matarazzo
104.
Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania de Marilia
105.
Movimento Negro Unificado
106.
Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo
107.
Departamento Jurídico XI de Agosto
108.
Grupo de Trabalho Docência e Qualidade
109.
Pastoral Operária Nacional
110.
Organização Indígena Revolucionária
111.
COMDIM - Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre
112.
SPM - Serviço Pastoral dos Migrantes
113.
Conselho da Comunidade de Foz
do Iguaçu
114.
Instituto SACI - Saberes, Culturas e Integração
115.
Comissão
de Estabelecimentos Prisionais da OAB/PR
116.
Associação de Familiares de internos e internas do sistema
penitenciári o do DF
117.
Movimento do Graal no Brasil
118.
Instituto Sou da Paz
119.
Rede Justiça Criminal
120.
Justiça Global
121.
Frente Mineira Sobre Drogas e Direitos Humanos
122.
CEPIA - Cidadania Estudo Pesquisa Informação Ação
123.
CAMI - Centro De Apoio e Pastoral do Migrante
124.
Elas Por Elas Vozes E Ações Das Mulheres
125.
MCTP - Movimento Contra o Tráfico de Pessoas
126.
NEIM/UFBA - Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da
Universidade Federal da Bahia
127.
AMARC Brasil - Associação Mundial das Rádios
128.
Fundação - Fundo Brasil de Direitos Humanos
Até a próxima!
Borandar atrás de um mundo melhor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário